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Professor da UniCarioca apresenta pesquisa em Portugal

A UniCarioca foi a única instituição do Rio de Janeiro e uma das cinco do Brasil a participar do VI Fórum de Linguística Aplicada, que aconteceu entre os dias 16 e 18 de janeiro, em Lisboa. O simpósio discutiu questões sobre ensino e aprendizagem de línguas, ressaltando a relação entre gramática e texto no espaço da sala de aula.

Envolvendo 20 alunos da disciplina de Comunicação e Expressão – introdutória a todos os cursos da UniCarioca -, o trabalho do professor e doutor Guilherme Cardozo foi credenciado a participar do congresso e mostrar a eficácia dos novos métodos de ensino de escrita e leitura utilizados na disciplina. Ao longo do segundo semestre de 2018, foi feita seleção de textos produzidos em sala de aula com maior incidência de erros gramaticais pouco perceptíveis.

Em uma infraestrutura que permite diversas formas de organização em sala de aula e o uso de diferentes mídias digitais, na nova metodologia 3.0 os alunos ganham autonomia para construir o conhecimento. Eles saem da posição de espectador de um professor “onisciente” para a de agente de sua aprendizagem. Com isso, as avaliações também sofreram mudanças, visto que os alunos passam a ser avaliados, também, pelas próprias atividades que decidem organizar em sala de aula.

Para aplicar a pesquisa, cada aluno ficou responsável por ser revisor gramatical do texto de outro. As revisões deveriam se limitar às questões sintáticas, como concordância, regência e colocação pronominal. Alguns gaps, como pontuação, não foram contemplados neste experimento. Ainda assim, foi possível constatar que houve uma aproximação do aluno com a norma culta da língua, já que houve maior percepção por parte deles das contaminações orais informais na escrita, fazendo com que seus textos ficassem formais e acadêmicos.

“As lacunas que mais me chamaram a atenção foram as referentes às concordâncias, o que, definitivamente, se acentua em épocas de pouca leitura/escrita em norma culta e muita leitura/escrita em ‘normas digitais”, avalia Guilherme, acrescentando que a linguagem digital contribui para a abreviação não somente de palavras, mas de estruturas.

O objetivo da pesquisa é mostrar que as mídias digitais ou a aparente inabilidade com a norma culta não dão o panorama definitivo da competência linguística desses alunos. “Durante o período, ficou claro que, com autonomia e amor na transmissão do conhecimento, dependendo dos objetivos da ação proposta, um conhecimento real sobre língua e seu funcionamento é ativado nos alunos. E a maioria prova que tem muito conhecimento sobre a sintaxe da língua”, disse.

O resultado apresentado pela pesquisa foi bem interessante: dependendo da posição em que o aluno se encontra, há maior domínio da norma culta da língua. A mudança de posição – de produtor de texto para revisor – ativou um conhecimento de gramática que eles não demostraram quando escreveram. Ou seja, como revisores, houve um compromisso com a sintaxe da língua e identificação de erros cometidos por eles mesmos.

“Concluímos que, de um modo geral, o aluno sabe utilizar a norma culta da língua portuguesa, mas, muitas vezes, não vê motivo para usar tal conhecimento. Motivar o aluno é condição indispensável para ter o retorno almejado”, acredita Guilherme.

Segundo o professor, ao apresentar o experimento no congresso, o público brasileiro reagiu com identificação catártica, já que é uma questão que atinge a quase todos os docentes de Ensino Superior. Já os pesquisadores portugueses se assustaram de início, ao verem as redações com muitos erros de concordância, mas, com os resultados apresentados a partir do método, viram que há esperança.

“Nossos irmãos lusitanos, embora não gostem de assumir, também possuem esse problema da influência oral/digital na escrita culta. É um mito dizer que em Portugal a língua é una, goza de estabilidade. A questão é que pelo fato de o Brasil ser maior, tudo aqui se potencializa”, conclui o professor, que já está trabalhando em um novo projeto focado na leitura/interpretação de enunciados de manchetes de jornal, com apresentação prevista para agosto no Simpósio Mundial de Ensino de Língua Portuguesa, em Pernambuco.