Por Maximiliano Damas
Empregabilidade é um tema central para a UniCarioca. Procuramos levar nossos alunos a desenvolver todo o seu potencial e a alcançar sucesso nas suas profissões. Nesse sentido, uma questão que tem sido alvo de intensos debates e estudos dentro da UniCarioca é justamente o futuro dessas profissões, o futuro dos nossos alunos. Como ficarão as profissões a partir da Revolução Digital? Que profissões continuarão a existir, quais serão ainda mais valorizadas, quais serão extintas e quais serão criadas?
A questão central não é a tecnologia por si só. Precisamos voltar a conceitos como um que foi defendido no fim dos anos 70 por Alvin Toffler: “o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. O ponto mais importante para qualquer profissional que quer ter o seu espaço no mercado no futuro é conseguir se adaptar a mudanças constantes.
A chamada Quarta Revolução Industrial já provoca – e continuará provocando – um impacto enorme e muitas vezes imprevisível nas relações humanas, econômicas, sociais e no trabalho. A digitalização do mundo é um primeiro passo rumo a uma nova realidade na qual aleatoriedade e exponencialidade serão cada vez mais palavras de ordem – a primeira, quebrando o que está estabelecido e nos levando a ter que lidar com a imprevisibilidade como um fato irrefutável e a segunda, dando a essas transformações antes imprevisíveis uma possibilidade de crescimento instantâneo.
A frequência das mudanças está mais intensa hoje do que em qualquer outro momento da nossa história. O meio digital é, de fato, o responsável por exponencializar os impactos dessas mudanças. Poucas organizações, poucos seres humanos, poucas sociedades estão preparadas para lidar com isso. Mas todos nós precisaremos estar. Não preparados para lidar com essas mudanças que nós vemos hoje, mas preparados para lidar com toda e qualquer mudança.
Caminhamos para uma era de pessoas, organizações e sociedades flexíveis, adaptáveis. Não uma era em que as máquinas substituirão o ser humano – isso, para mim, é ficção científica. Não podemos nos esquecer de que a inteligência da máquina vem justamente de nós. Ela nada mais faz do que trabalhar em cima de processos repetitivos, lineares, segmentados, que podem ser programados de acordo com padrões. Nessas funções, a máquina realmente tende a ser muito melhor que nós, humanos. Tarefas e profissões que se limitem a lidar com processos e informações terão de fato nas máquinas uma ameaça. Mas por mais avançada que venha a ser a inteligência artificial, nada substituirá a criatividade humana, a capacidade de trabalhar com a intuição, com o pensamento abstrato.
Vejo jovens de 20, 25 anos já entrando no mercado com uma visão não segmentada da vida, não linear; uma visão de hiperconexão, o entendimento de que vivemos num sistema em que tudo está conectado. Precisamos aprender a criar o nosso próprio espaço dentro desse sistema. As empresas precisam trabalhar nessa perspectiva ou não vão conseguir se conectar a esses jovens.
Muitos espaços vão surgir da integração entre o digital e o físico. Isso vai valer para a medicina, para a educação, para a informação, para praticamente todas as áreas. De um lado, a informação processada cada vez de forma mais profunda e precisa e, do outro, pessoas capazes de analisar, refletir, aprender e sugerir novos caminhos.
Estamos trabalhando hoje em uma perspectiva multidisciplinar, não linear, que privilegia as atitudes que a máquina não consegue reproduzir. A principal mensagem é que conhecimento e memorização não vão levar os nossos profissionais muito longe. A capacidade de resolver de forma criativa e colaborativa, com seres humanos e máquinas, é que é a chave para o futuro profissional.
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Maximiliano Damas é Consultor Educacional e Assessor da Presidência da ABMES