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Conceitos e Técnicas da Fotografia que podem ajudar você: Dicas para usar e abusar

Por Profª Luciane Conrado e Marcelo Quitério*

Você sabia que a palavra fotografia vem do Grego? Sim, fotografia significa escrever com luz e contraste e sua etimologia é  [fós] (“luz”), e [grafis] (“estilo”, “pincel”) ou grafê. Dessa maneira a fotografia é a criação de imagens a partir de uma exposição luminosa. Na época de sua descoberta e da considerada a primeira fotografia, atribuída ao francês Niépce, em 1826, a invenção, perseguida desde a câmara escura de Leonardo da Vinci, causou grande assombro e motivação, especialmente para um grupo de pintores que veio a ser conhecido como os Impressionistas.

A Fotografia desde então passou a guardar memórias, fatos, acontecimentos, lembranças afetivas e documentais. As tecnologias foram se transformando, evoluindo e popularizando as câmeras, os filmes. A fotografia digital trouxe novos movimentos disruptivos e disseminou ainda mais o procedimento das técnicas fotográficas, que podem ser realizadas, hoje em dia, pelo celular.

Fotografia além de instrumental é uma arte, pois trabalha com a estética em seu sentido, também grego de aquilo que se percebe e apreende com os sentidos. Como manifestação artística em sua linguagem trabalha com elementos engendrados que combinados chamamos de composição.

Figura 1 – “View from the Window at Le Gras”, este foi o nome dado para a primeira fotografia da história. O título faz referência   a imagem feita a partir da janela do inventor francês Joseph Nicéphore Niepce em 1826 na cidade de Saint-Loup-de-Varennes.

O que é a composição e como isso pode me ajudar nas aulas?

Se você pensou em composição, lembrando dos pintores, como eles arranjam os elementos em um quadro, em uma tela, você está certo. Quando pensamos em montar uma composição, temos de ter em mente que se deve escolher um elemento de foco, deixar o nosso quadro mostrar nosso foco de interesse. A forma com que a imagem é composta determina o tipo de impressão que a imagem irá transmitir. Algumas dicas na composição da fotografia podem ajudar você, a: chamar atenção na tela da vídeo-aula, do vídeo conferencia, conferindo aos seus alunos uma imagem com focos de interesse que prendam mais a atenção.  Uma boa composição, que chama atenção, prende e dinamiza prescinde de determinados cuidados, uma composição atraente trabalha com:

– escolha do assunto principal e focos de interesse para coloca-los dentro do quadro de forma equilibrada e em destaque.

– escolha dos elementos que vão emoldurar o quadro, cenários, cuidado com quantidades de elementos e posições de fundo.

– relações entre a luminosidade, o foco e o ângulo.

Na fotografia temos as chamadas regras básicas e composição com alguns exemplos que vamos dar agora para você.

Regra dos Terços

Divida o quadro ou a tela, em um jogo da velha, pode ser imaginário. Coloque o objeto principal em um dos pontos em que a linha cruza. Lembre de ficar bem no centro, pode deixar a imagem sem vida. Mas isso não é regra, pois existe a Simetria Centralizada, composições centradas

Dois pontos de interesse

Distribua nos pontos de forma equilibrada se você tiver mais de um ponto de interesse. Por exemplo, se for gravar um vídeo e quiser mostrar uma imagem, junto com você, equilibre a sua imagem ao slide, tabela ou elemento que entrará no quadro.

Proporção Aurea

Ela parece bem complicada, por causa da matemática, né? Como alerta Otávio Coutinho: “ duas  quantidades estão na proporção áurea, se sua dimensão for igual ao tamanho de sua soma para a maior das duas quantidades”. Isso pode ser representado pelo chamado número PHI  Phi é uma constante matemática, que usa o valor 1,618. Tá complicado de entender, mas é bem simples, tem a ver com o encaixe dos elementos no quadro, e na matemática presente em todas as coisas. Ao ver uma cena, estar diante de uma pintura, nosso cérebro, nossa plasticidade cerebral, formará, naturalmente uma espiral. Essa espiral está presente na natureza, desde o caracol até as pétalas de uma flor, na arquitetura e em seu corpo, Seus pés, sua orelha, possuem esses espirais. Claro que dizer que existe proporção áurea em tudo e que isso mostra um equilíbrio perfeito e simétrico na composição, é algo bem exagerado. É mito. Mas em muita coisa, na arte e na vida, a proporção áurea se apresenta.

Dali usou-a demais, mas podemos encaixar certas obras na dita proporção, que continua sendo uma incógnita. Pensando na cena  com proporção áurea, é só enquadrarmos os elementos em uma espécie de regra dos terços ampliada. Sabe aquele grid de designer, pois é… Isso aí… Combinando o jogo da velha a uma serie de retângulos proporcionais entre si. Vejamos o exemplo na Monalisa, do nosso querido Léo, que todo mundo enxerga a proporção de ouro, para exemplificar:

 

 

Você conheceu alguns conceitos usados para estabelecer os elementos em um quadro e chamar atenção, ligando o enquadramento às questões de estética e de imagens atrativas, que chamem atenção e despertem interesse. Mas para ajuda-lo, nas aulas, vamos explicar possíveis planos nos enquadramentos para sua composição. Vai ficar mais fácil para você se acertar na câmera para as aulas, promover um quadro com elementos bem dispostos, no fundo, na profundidade, chamando a atenção para os focos de interesse.

O Enquadramento Fotográfico

A fotografia é uma combinação de elementos que chamam os nossos sentidos e requer habilidades ligadas à composição. Escrever com a luz, é uma forma de pintar o mundo, retrata um recorte do olhar do fotógrafo e da forma com que ele estabelece o que estará no quadro. O Enquadramento Fotográfico, outra técnica de composição, trabalha com a ideia de engendrar de forma harmônica e equilibrada os elementos no quadro, encaixando a imagem. É claro que, se você quiser se aprofundar mais, poderá estudar o que é tempo de exposição, temperatura da cor, a própria estética, àquilo que chama nossos sentidos, entre outros conceitos. Mas conhecer algumas maneiras, pois são muitas, de se enquadrar uma imagem na tela, por certo, vai lhe ajudar, nas suas aulas remotas.

Imagine a seguinte situação, você tem diante de si, um telefone celular ou webcam para dar uma aula remota, com câmera ligada. De certo, você sabe, que ficar em aulas ao vivo, por meio das tecnologias da comunicação é cansativo. Portanto, quanto mais você clamar pelos sentidos dos seus educandos, mais você poderá obter a tão sonhada interação e o que chamamos de engajamento. Para isso, vale combinar diversos elementos para se colocar no quadro, para se aproximar do aluno, mesmo nas janelinhas da plataforma de aula online.

Enquadramento Fotográfico é uma técnica fácil de aprender, mas é bem mais que encaixar você ou algum elemento no retângulo da sua câmera e da sua janelinha. Vamos partir do princípio que toda imagem é um texto, pleno para ser lido, cheio de mensagens que se oferecem ao processo de geração de sentidos para o leitor/espectador. Pensando nisso, tudo o que você colocar no seu quadro e a forma com que você divide os elementos, passa uma informação. Maneiras muito eficientes de você montar seu enquadramento é a regra dos terços, ou explorar possíveis formas de se estabelecer seu foco de interesse no quadro. No vídeo usamos o conhecimento dos planos para bons enquadramentos. O que é um plano? Chamamos de Plano a menor unidade fílmica, um conjunto ordenado de fotogramas, o intervalo entre dois cortes, etc. Os  conceitos cinematográficos dividem os planos baseados no distanciamento entre a câmera e o objeto fotografadogrande plano geral, plano geral, plano médio, plano americano, primeiro plano, plano detalhe, plongé e contra plongé.

Conheça agora alguns planos para enquadramentos:

Grande Plano Geral ( GPG)

Neste tipo de plano, o sujeito não é o elemento central da cena. Este plano é usado para situar o início da história, onde ela se passa, situando o espectador no local em que se vai acontecer a história.

Plano Geral ( PG)  

A protagonista aparece no plano, mas não ocupa 1/3 do mesmo. O entorno ainda é elemento principal para situar o espectador na atmosfera e cenário da cena. Como a personagem aparece, mesmo que em menor proporção, serve também para mostrar a ação da mesma nesse contexto.

 

Plano Inteiro (PI)

A personagem ocupa quase toda a tela, da cabeça aos pés. Mostra-se parte do local onde se desenvolve a ação, mas o foco de interesse está na personagem. Muito utilizado para narrar ações e também quando é preciso mostrar mais  personagens em um contexto, mas queremos que estes sejam vistos em sua totalidade.

Plano Médio  (PM)

O plano corta, geralmente, à altura do umbigo, cintura e às vezes um pouco acima. Quando cortamos à altura do busto, chamamos de plano médio curto. Quando estamos em videoconferência, nos enquadramos, habitualmente em Plano Médio Curto. No Cinema é muito usado para conversas entre personagens.

Plano Americano (PA)

Quem nos trouxe esse tipo de plano foi o cinema Western, para que não se visse a parte de baixo dos personagens. Imagina fazer esporas pra todos os atores? Isso era cara na indumentária.  Este plano corta na altura do joelho (chamamos de plano americano longo) e, em determinados enquadramentos, na coxa (chamamos de plano americano curto). No cinema de  Hollywood é um plano bastante usado porque permite aproximar o plano, e dinamizar as transições, fazendo que o espectador se coloque no lugar da personagem, mostrando sua ação, mas sem chegar ao plano médio.

Plano Curto (PC)

Corta da zona do peito para cima, incluindo sempre os ombros dos personagens. Serve para aproximar mais das expressões e emoções das personagens. Em videoconferência, geralmente, é como você se enquadra e aí fia. Nossa dica é estabelecer-se em uma dinâmica que transita entre Plano Curto, Primeiro Plano ou Primeiríssimo Plano (Close-Up) e Plano Detalhe, quando quiser mostrar algo no detalhe, inclusive procedimentos.

Primeiro Plano, Primeiríssimo Plano ou Close (PP)

Está centrado no rosto da personagem. É utilizado para provocar no espectador empatia.  Não se caracteriza, somente em mostrar o que o foco de interesse ou a persona faz, mas o que sente, pensa. Tem carga dramática, pois qualquer gesto, até uma simples piscada,  se amplia na tela. Quer emocionar seus alunos ou chamar atenção para um conteúdo? Chegue bem perto da câmera, coloque seu rosto em primeiro plano e dimensione seu olhar para o terço superior, em um ponto acima da câmera. A sensação de proximidade com seu aluno vai ser instantânea, não tem erro.

Plano Detalhe (PD) ou Plano Recurso

Estes planos mostram detalhes, ações específicas, objetos específicos, no quadro. São usados para enfatizar objetos ou partes de enquadramentos essenciais a história ou a mensagem que se quer passar na narrativa. Mostra detalhes de mãos, bocas, pés, olhares, que serão úteis para focalizar o olhar do espectador. Em uma aula de anatomia palpatória, por exemplo, o professor pode focar nas mãos fazendo o procedimento, mostrando as ações das mãos em PD, Plano detalhe.

Agora que você já conheceu os planos possíveis para sua composição, que tal inovar nas suas aulas práticas remotas?

Alguns desses planos podem ser usados nas suas videoconferências. Se você está sentado, de frente para a Webcam, você com certeza está em um Plano Próximo ou Primeiro Plano (de busto pra cima), que tal, em alguns momentos você, como em um filme chegar pertinho da câmera e se dirigir aos alunos em um plano close? Isso fará uma mudança, quebra de expectativa com a transição da forma com que você se enquadra no quadro e, por consequência, uma sensação de maior proximidade com os alunos. Da mesma maneira para mostrar algum procedimento técnico, que exige uma execução, como massagear um paciente, mostrar aonde deve encontrar determinada função em uma câmera, como cortar um tecido, você pode direcionar sua câmera para um Plano Detalhe, fixando e enquadrando o seu ponto de interesse.

Iluminando suas aulas

Faz parte da Composição, também, uma iluminação adequada. Você pode iluminar sua cena e torna-la mais agradável encaixando-a com os diversos elementos do quadro. Luz é elemento essencial da linguagem fotográfica, inclusive no vídeo. Você pode brincar com a luz para contar uma passagem da História, por exemplo e fazer com que seu aluno entre nesse clima.

Para ter acesso a outros recursos digitais e metodologias de uso, frutos das dissertações do Mestrado Profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação da UniCarioca acesse a Plataforma Proximal!

*A Profª Luciane Conrado é docente do Mestrado Profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação da UniCarioca na discplina de Produção Audiovisual e Marcelo Quitério é luminador, Coordenador da Academia de Tecnologia da Rede Globo (iluminação) e Mestrando em Novas Tecnologias Digitais na Educação pela UniCarioca

Referências Bibliográficas
COUTINHO, Otávio. Enquadramento Fotográfico: 20 Dicas Pra Deixar Suas Fotos Incríveis! In https://fotozoom.online/enquadramento-fotografico/
HEDGECOE, John. Guia Completo de Fotografia. São Paulo: Ed Martins Fontes, 1996
LONSO, LUISA . Tipos de planos e sua importância na narrativa visual. in https://www.domestika.org/pt/blog/4472-tipos-de-planos-e-sua-importancia-na-narrativa-visual
MORÁS, Mônica e VIEIRO, Eduardo. Principais regras de composição na fotografia in https://www.eduardo-monica.com/new-blog/regras-composicao-fotografica#:~:text=Composi%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20o%20arranjo%20dos,de%20fato%20chamar%20a%20aten%C3%A7%C3%A3o.