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De volta para o futuro

Por Celso Niskier 

Em quase trinta anos de atuação como empreendedor educacional, já tive a oportunidade de transitar bastante tanto no universo empresarial quanto no acadêmico, e apreender o melhor dos dois mundos. Quando comecei a lecionar, inspirado pela minha avó materna Paulina, que era professora, e pelo meu pai e grande educador Arnaldo, eu jamais poderia imaginar que a mosca azul do empreendedorismo me picaria, mas foi exatamente o que aconteceu quando, junto com um ex-professor, organizei um cursinho pré-vestibular de Física.

Naquela época, empreendedorismo não era uma palavra tão presente no nosso dia a dia, muito menos seus meandros e técnicas. No âmbito das instituições de educação superior, tratava-se de um conteúdo praticamente inexistente, com algum recorte superficial nos cursos de Administração de Empresas. O debate sobre sua centralidade e transversalidade não existia, como ainda hoje não existe nas instituições brasileiras. Talvez isso explique parte do nosso atraso em relação a outras nações, especialmente no quesito inovação.

No ano passado, juntamente com a Delegação Internacional da ABMES, tive a oportunidade de (re)visitar algumas instituições de ensino israelenses responsáveis por formar a base empreendedora do país, que hoje atende pela alcunha de “nação das startups”. Ali, de conteúdos das disciplinas até trabalhos finais, quase tudo é pautado pela força motriz do jovem de criar, inovar e empreender. Este ano o destino é a China, onde, acreditamos, encontraremos um cenário semelhante.

No Brasil, estabelecer um currículo educacional que privilegie a inovação e o empreendedorismo ainda parece um sonho distante, mas alguns esforços começam a ser desenvolvidos nesse sentido. Um exemplo é o recém lançado Instituto Êxito, liderado por Janguiê Diniz. Fundada por 34 empreendedores de diversas áreas, incluindo este que vos escreve, a iniciativa tem como objetivo fomentar nos jovens, em especial os de baixa renda, o espírito empreendedor.

Partindo da premissa de que sem uma cultura empreendedora, inovação e desenvolvimento sustentável o Brasil não alcançará o posto de nação desenvolvida, o Instituto Êxito promoverá uma série de eventos e cursos gratuitos, investirá em uma ampla rede de apoio aos estudantes e na criação de grupos voltados para a busca de soluções voltadas à acessibilidade de pessoas com deficiência, além de gerar formas inovadoras de promoção do bem-estar social.

O estímulo ao empreendedorismo nas escolas vai além de ensinar como abrir uma empresa ou a pensar de forma inovadora. A prática também impulsiona o desenvolvimento de habilidades e competências que não são ensinadas nas salas de aula, mas são fundamentais para o sucesso pessoal e profissional de cada cidadão.

Na união de dois universos aparentemente tão distintos, mas que na verdade se complementam em uma perfeita simbiose, pude exercer minha vocação para a docência e me realizar enquanto empreendedor. Em uma esfera bem mais ampla, nessa conexão pode estar boa parte da solução para os problemas que atravancam o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Já tem muita gente acreditando nisso. Vamos juntos?

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Celso Niskier é  Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e Reitor do Centro Universitário UniCarioca

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