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Educação híbrida e os novos quadrantes do ensino e da aprendizagem

Por Celso Niskier,

Ainda no contexto das celebrações pelos 39 anos da ABMES, em agosto a Associação promoveu um seminário virtual sobre educação híbrida e o que devem ser os novos quadrantes do ensino e da aprendizagem no pós-pandemia. Trata-se de uma dinâmica político-pedagógica que, acreditamos, está mais alinhada com as demandas dos tempos atuais, além de valorizar os investimentos em tecnologia realizados pelas instituições de educação superior nos últimos semestres.

Ao abrir o evento, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, destacou a importância do reconhecimento da essencialidade da educação presencial, que depende da aprovação do PL 5595/2020, em tramitação no Senado Federal, pauta que também conta com grande apoio da ABMES. Na sequência, tanto a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, e o conselheiro e relator da pauta da educação híbrida na Câmara da Educação Superior do CNE, Luiz Roberto Liza Curi, apoiaram a ideia da Associação em relação aos quadrantes híbridos como forma de expressar a variedade de experiências de aprendizagem mediadas por tecnologia.

Como destacou Maria Helena, a educação híbrida consiste em “uma abordagem inovadora para o desenvolvimento de competências e habilidades em que as atividades híbridas podem complementar as presenciais por diferentes meios, sempre lembrando que todos os nossos estudantes são nativos digitais”. Para Liza Curi, “a educação híbrida não é uma nova modalidade de ensino, mas um novo procedimento pedagógico, uma mediação tecnológica necessária, plena e ampla, no sentido de ampliar o processo de aprendizagem”.

Também presente ao evento, o consultor João Vianney, da Hoper Educação, parceira da ABMES na realização do seminário, destacou que a educação híbrida já é uma realidade, também em função do novo perfil do estudante. “O aluno chega cada vez mais jovem, mais conectado, tem repertório de aprendizagem digital. Ele quer uma nova educação”.

Mas o que seriam os tais quadrantes e como eles podem facilitar a compreensão do modelo híbrido? Como explico em outro artigo, existem diversos cenários possíveis para a educação híbrida, mas acreditamos que este modelo apresentado pela ABMES sintetiza a materialização do hibridismo nas salas de aula e auxilia as IES na construção de novos projetos pedagógicos que dialoguem com essa nova realidade.

De forma didática, o modelo híbrido que propomos considera dois eixos: espaço (presencial ou virtual) e tempo (síncrono ou assíncrono). Ambos resultam em quatro quadrantes de possibilidades didático-pedagógicas: atividades presenciais e síncronas (PS), atividades virtuais e síncronas (VS), atividades presenciais e assíncronas (PA) e atividades virtuais e assíncronas (VA).

QUADRANTES DA EDUCAÇÃO HÍBRIDA: PROPOSTA DE MODELO

A partir de cada um dos quadrantes é possível planejar diversas atividades didático-pedagógicas que dialoguem com aquela realidade, como aulas expositivas (presenciais ou remotas), projetos científicos, laboratórios presenciais e virtuais, simulações e bibliotecas digitais.

POSSIBILIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS

Na prática, isso significa uma ampliação sem precedentes das possibilidades de inovar nas atividades pedagógicas, oferecendo ao estudante um curso mais integrado com suas expectativas, uma visão mais ampla do seu processo de formação e com resultados mais alinhados às demandas do mercado de trabalho.

EXEMPLO REAL PARA UM CURSO DE SAÚDE

Situação real para uma atividade de extensão em saúde sugerida pelo professor Max Damas, assessor da presidência da ABMES.

Se antes da pandemia chamávamos de híbrida uma educação que ofertasse atividades presenciais associadas à educação a distância, hoje percebemos o quanto nossa compreensão era limitada. A urgência diante da necessidade de garantir a formação educacional de milhões de graduandos em meio à maior crise do século nos fez repensar todas as estruturas em busca de soluções para o distanciamento social imposto. Como resultado, novos horizontes se apresentaram diante de nós.

Embora já soubéssemos que a formação acadêmica não está presa às quatro paredes da sala de aula, não tínhamos dimensão de quão longe poderíamos ir em novas metodologias educacionais. É bem verdade que antes da pandemia já desconfiávamos que o futuro da educação seria híbrido, mas hoje temos convicção. Só não contávamos que esse futuro fosse se apresentar tão breve diante de nós. Ele chegou e já bate à porta das nossas IES.

Fonte:  ABMES