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Empreendedorismo se aprende na escola

Por Celso Niskier

Há um mito muito difundido entre nós: empreendedores nascem prontos. Aqueles afortunados, que possuem desde o berço as competências necessárias para desenvolver projetos, empresas e organizações seriam uma elite natural, quase divina. Nada mais longe da verdade, como as pesquisas científicas têm demonstrado.

Se por um lado sabemos que há características temperamentais e traços de personalidade que são mais comuns entre os empreendedores, por outro lado há muito a desenvolver em nossos jovens, para que possam despertar o gosto pelo risco, pela curiosidade e pela ação empreendedora. Seria, portanto, uma combinação clássica da natureza (“nature”) e do ambiente cultural (“nurture”) o que formaria um empreendedor de sucesso.

E qual seria o papel da escola, então? Ora, dar aos seus alunos a oportunidade de desenvolver talentos próprios à tarefa de criar e evoluir negócios. E a isso tem-se dedicado várias instituições, entre elas a UniCarioca, que fez da disciplina Empreendedorismo matéria obrigatória em todos os seus cursos de graduação, desde 2007.

O que se aprendeu com essa experiência? Em primeiro lugar, que não se pode ensinar Empreendedorismo da mesma forma como se ensinam outras disciplinas tradicionais. Não se trata de um corpo de conhecimentos, a ser testado em provas e exames. Há que se desenvolver nos alunos uma atitude, muito mais do que somente um conjunto de conceitos e ideias. Há que se mostrar o processo que vai da curiosidade inicial, passando por uma problematização até o desenvolvimento de um protótipo de solução, considerando todas as etapas necessárias.

O empreendedor é aquele indivíduo que sabe transformar uma observação da realidade em um problema a ser decifrado e resolvido por meio da construção de uma solução original. Além disso, o caminho de transformar uma solução em uma empresa, que vai se estruturar para viabilizar essa solução, também é cheio de curvas e percalços, e por isso a atitude de persistência é muito importante.

Uma disciplina apenas é suficiente para transmitir todos esses conhecimentos, habilidades e atitudes? Com certeza, não. Mas nós, educadores, devemos dar o primeiro passo, abrindo o horizonte do aluno para as possibilidades de atuação sobre a realidade que o cerca. Com o devido incentivo, certamente novos empreendedores surgirão no horizonte de um País tão carente de homens e mulheres que tomem a si a tarefa de mudar a sociedade, uma empresa de cada vez.

 

Fonte: ABMES