Por Celso Niskier
Quero abrir este artigo com uma boa notícia: 94% dos estudantes do ensino superior privado querem continuar seus estudos de graduação, mesmo em meio à maior pandemia dos últimos cem anos.
Esse é um dos números da nova rodada da pesquisa elaborada pela Educa Insights e divulgada pela ABMES – “COVID-19 e Educação Superior: o que pensam os alunos e como sua IES deve se preparar?”.
Um dado, no entanto, preocupou: cresceu o número de alunos em dúvida sobre a capacidade de manter seus estudos.
Passou de 37% para 42% o número de estudantes que temem não ter condições de continuar estudando, devido à situação de incerteza sobre a economia e as consequências sobre o emprego e a renda. Apesar do número crescente, comparado com a rodada anterior da pesquisa, divulgada no mês passado, o desafio ainda está em nossas mãos. As instituições privadas de ensino superior podem e devem buscar negociações individuais com os alunos em situação de risco, tentando reverter um possível abandono.
Outro ponto destacado na pesquisa foi a importância da melhoria na conversão de prospects em matrículas, em tempos de captação mais escassa. Além disso, o foco deve ser também a retenção, portanto um bom trabalho junto à base atual de alunos é fundamental e urgente nos próximos meses.
Mais uma informação mereceu destaque: a seguir nesse rumo, o Brasil terá mais alunos matriculados em cursos a distância do que em cursos presenciais, dado o crescimento projetado dessa modalidade no cenário pós-pandemia, impulsionado por preços mais acessíveis e pela flexibilidade e acessibilidade que a EAD oferece.
Mesmo as IES que não possuem ainda o credenciamento em EAD deverão aumentar sua oferta de disciplinas on-line, no limite de 40%, como preconiza a legislação.
Caminhamos céleres para a hegemonia do modelo híbrido, combinando etapas presenciais, remotas e a distância, em busca de maior sintonia com o desejo dos estudantes.
Frente a essa realidade, repito, está em nossas mãos trabalhar para preparar nossas instituições para o “novo normal” que se avizinha, sem nunca esquecer a necessária qualidade dos cursos e serviços.
Inovar não é fácil, mas é possível, com a união de todos os envolvidos na criação de um “mindset” de crescimento dentro das instituições.
Nossos corpos ainda estão em quarentena, mas nossos espíritos continuam livres e prontos a pensar e agir fora da caixa.
Fonte: ABMES