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Na trilha da educação empreendedora

Por Celso Niskier,

Nas últimas semanas, pautados pelos eventos recentes da MetaRed X na Espanha, temos falado bastante aqui sobre empreendedorismo no ambiente universitário. Mas essa não é uma pauta nova na ABMES. Faz algum tempo que temos trabalhado para fazer das instituições de educação superior espaços de estímulo e até mesmo de gestação do empreendedorismo.

No meio desse processo, com frequência nos questionamos sobre qual seria a percepção dos estudantes em relação a esse ponto. Estariam eles interessados nessa proposta? Eles concordam que o ambiente acadêmico é um locus privilegiado para desenvolvimento das habilidades empreendedoras? Os graduandos que frequentam nossas instituições vislumbram o empreendedorismo para suas vidas? Como seguir com as dúvidas não era uma opção, fomos atrás das respostas. E as encontramos!

O jovem universitário brasileiro quer empreender e tem perfil empreendedor. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa realizada pela ABMES em parceria com a Educa Insights com o objetivo de conhecer as características empreendedoras dos estudantes e como eles avaliam o papel das instituições de educação superior nessa jornada.

Ao serem apresentados a três afirmativas elaboradas a partir de características empreendedoras (1 – Sou uma pessoa disciplinada e focada a atingir meus objetivos; 2 – Penso no futuro, mesmo que tenha que aproveitar menos os dias de hoje; 3 – Sempre acho que posso fazer melhor), 76% dos estudantes entrevistados se identificaram com, pelo menos, uma delas. A característica com o maior grau de associação foi a correspondente à afirmativa 1 e 11% dos participantes se identificaram com as três.

A pesquisa foi além e mapeou a proporção do estudante de acordo com 4 personas empreendedoras: Criador/a (empreendedorismo visionário); Agilizado (empreendedorismo mão na massa); Idealista (empreendedorismo por convicção) e Tradicional (empreendedorismo literal). Com 31%, a persona empreendedora mais relevante entre quem cursa graduação no Brasil é a idealista, seguida pela criador/a (28%).

Além de indicar o que move cada indivíduo na jornada empreendedora, as personas também se diferenciam na forma como enxergam a atuação da IES em relação ao empreendedorismo. No geral, 68% dos entrevistados disseram que a instituição não estimula o empreendedorismo. Entre os criadores, esse índice atingiu a marca de 76%, enquanto para os tradicionais ele cai para 59%.

De todo modo, chama a atenção o elevado percentual de estudantes que não percebem – ou realmente não recebem – estímulos ao empreendedorismo (ou às competências empreendedoras). A solução para esse quadro, de acordo com eles, passa por iniciativas como a realização, pelas IES, de eventos, concursos e projetos de empreendedorismo; a adoção de uma cultura mais inovadora; a existência de laboratórios de inovação e a oferta de aulas que apoiem o tema.

Em síntese, a pesquisa mostra que investir em uma formação empreendedora é caminhar ao encontro dos anseios dos estudantes de graduação do país. Seja para empreender em um negócio ou na vida, os jovens buscam – e precisam – cada vez mais se apropriarem das competências atreladas ao empreendedorismo. É uma demanda do mundo atual, da sociedade em constante ebulição deste século 21. No levantamento, os alunos dão alguns indicativos de por onde nós, instituições educacionais, precisamos caminhar. E aí a mensagem é clara: ou pegamos a trilha correta ou corremos o risco de nos perdermos em um pântano nada amigável.

Fonte: ABMES