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Novo normal, novos tecnólogos

Por Celso Niskier

O “novo normal”, imposto pela disseminação do novo coronavírus ao redor do planeta, trouxe novos desafios, novas rotinas e novas demandas a uma sociedade que já estava submersa em um contexto altamente disruptivo e pautado por novas diretrizes e novos conceitos.

O uso excessivo da palavra “novo” e suas variações no parágrafo acima pode soar como uma simples pobreza de linguagem, mas, na verdade, é reflexo do turbilhão de transformações pelas quais estamos passando nesta terceira década do século 21. Se, por um lado, a pandemia de Covid-19 expôs fragilidades, por outro, ela acelerou tendências e mudanças comportamentais como nunca antes experimentado pela humanidade.

Nesse novo cenário, um mercado fortemente impactado foi o de carreiras digitais. Temos visto uma verdadeira explosão na demanda por profissionais em áreas como internet das coisas (IOT), cibersegurança, inteligência artificial, design digital, mídias sociais, entre outras. Além do imediatismo da necessidade, tratam-se de profissões que podem ser muito bem formadas por cursos de curta duração, ofertados enquanto houver a demanda.

É por isso que as instituições de educação superior mais atentas às demandas e às oportunidades já estão investindo em cursos superiores de tecnologia com novas diretrizes, focadas em currículos mais flexíveis, parcerias com grandes marcas – como Microsoft, Cisco e Google – para certificações conjuntas e em professores com perfil mais profissional e menos acadêmico.

Além de tradicionalmente mais curtos, ofertados em períodos que podem chegar a 18 meses, outra grande vantagem dos cursos superiores de tecnologia é a possibilidade de serem criados rapidamente, beneficiando tanto o mercado de trabalho quanto uma parcela expressiva da população que vislumbra nessas novas profissões uma oportunidade para melhorar de vida ou até mesmo como alternativa ao desemprego.

Outra vantagem competitiva desses cursos no “novo normal” é a constatação da sua eficácia quando ofertado de forma remota e com simulações em laboratórios virtuais. Disseminado a partir da necessidade de distanciamento social, o ensino remoto deve ser uma herança da pandemia de Covid-19 a ser integrada à rotina da educação superior, com amplo potencial de fortalecimento dos cursos tecnólogos.

A nova realidade trouxe oportunidades que precisam ser abraçadas pelas instituições de educação superior. Além de impactarem na sustentabilidade das IES, elas são essenciais para a construção da nova sociedade no pós-pandemia.

Para auxiliar nesse processo, faculdades, centros universitários e universidades brasileiras podem contar com iniciativas como a parceria institucional firmada entre a ABMES e a Microsoft, por meio da qual instituições associadas têm acesso a um programa de capacitação gratuita em inteligência artificial para professores e estudantes. Ainda que não seja uma solução voltada para a criação de cursos tecnológicos, trata-se de um primeiro passo rumo a um novo universo que precisa ser desbravado pelas instituições.

As novas peças estão apresentadas no complexo tabuleiro do “novo normal”. É hora de as IES investirem em novos cursos superiores de tecnologia como laboratórios de inovação e de prospecção de oportunidades no novo mundo de trabalho. O tempo é novo para todos. E novos devem ser o ânimo e a disposição para o novo. De novo.

Fonte: ABMES