Por Celso Niskier,
Como destaquei em um post recente aqui no blog, o XIV Congresso Brasileiro da Educação Superior (CBESP) discutirá a importância da criatividade e da inovação para a educação superior no pós-pandemia. Naquele momento, o objetivo era dar um panorama geral sobre o maior evento do setor no Brasil, que este ano volta a ser presencial e acontece no próximo mês no Costão do Santinho, em Florianópolis/SC.
Mas, agora, quero ir além. Quero detalhar a forma como a criatividade e a inovação precisam ser incorporadas em três frentes pela educação superior: produtos, processos e pessoas.
O primeiro “P” nos remete diretamente ao universo dos currículos inovadores e criativos. Se antes da pandemia os currículos arraigados nos padrões do século 19 já não faziam sentido, depois de tudo o que vivemos nos últimos dois anos fazem menos ainda. Por isso, é hora de efetivarmos a construção de currículos que trabalhem as tão desejadas soft skills, que dialoguem com o mundo do trabalho e que sejam associados aos projetos de extensão.
Para isso, sabemos, é fundamental o envolvimento do Conselho Nacional de Educação (CNE), pois o primeiro passo consiste na evolução das diretrizes curriculares nacionais (DCNs) de modo que as instituições de educação superior tenham liberdade para serem criativas nas suas matrizes curriculares. E esse é um debate que será feito no CBESP.
A segunda frente na qual os atributos da criatividade e da inovação precisam ser incorporados diz respeito aos processos, sejam no âmbito do ensino e da aprendizagem, sejam na gestão da instituição. No que se refere à parte acadêmica, os quadrantes híbridos, por exemplo, se apresentam como uma abordagem bastante criativa. Por meio deles, existem inúmeras possibilidades de combinações capazes de transformar totalmente a forma de interação entre conteúdos, professores e estudantes.
A tecnologia, aliás, também é uma grande aliada para a implementação de processos de gestão mais inovadores. O learning analytics, por exemplo, consiste em uma maneira mais inteligente de acompanhar o desenvolvimento do aluno, ao mesmo tempo em que oferece a ele a possibilidade de percorrer a sua trilha de aprendizagem de forma criativa e personalizada.
Por fim, é preciso investir em maneiras criativas de trabalhar com quem faz essa imensa roda girar: as pessoas. A educação superior precisa do novo professor, aquele que deixa de ser o detentor do conhecimento e passa a ser o curador. Esse novo perfil demanda um profissional capacitado para atuar no meio digital, onde ele usa toda a sua competência de forma criativa. Também é preciso atenção para a valorização de gestores criativos, ou seja, aqueles que criam novas estruturas, novas formas de lidar com o público e que lideram com base na inspiração e não na ordem.
O debate sobre a importância, ou não, de inovar já ficou para trás. Não há mais qualquer dúvida sobre o quanto a adoção de práticas inovadoras e criativas passou a ser imperativa em todas as esferas nesta terceira década do século 21. Inovar deixou de ser opção e passou a ser necessidade básica para quem deseja sobreviver em um mundo cada vez mais desafiador. É sobre isso, e muito mais, que vamos tratar no CBESP, entre os dias 5 e 7 de maio. Já fez a sua inscrição?
Fonte: ABMES