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Papo vai, papo vem

Por Celso Niskier 

O termo “bate-papo” nos remete a um momento despretensioso, povoado por pessoas agradáveis e recheado de boas conversas. Essa definição teria sido perfeita para o bate-papo promovido pela ABMES com o Inep no último dia 29 de outubro exceto por um fator: ali havia, sim, uma pretensão.

Em um ano tumultuado, no qual cronogramas e planejamentos sucumbiram aos mandos e desmandos de um vírus capaz de colocar o planeta em compasso de espera, no Brasil o setor particular de educação superior deu uma aula de resiliência se ajustando rapidamente aos protocolos de distanciamento social. Contudo, etapas importantes do calendário regulatório foram comprometidas, em especial aquelas relacionadas à avaliação de cursos e de instituições de educação superior. E saber o que estava no horizonte do Inep em relação a essas questões era imperativo.

O bom relacionamento e a relação de confiança construídos ao longo do tempo garantiram um bate-papo aberto e altamente produtivo. Foi ali, naquele espaço, que o Inep anunciou às mais de 2.500 instituições particulares de educação superior de todo o país a retomada das visitas de avaliação in loco a partir de 15 de novembro. A expectativa é de que cerca de 200 IES sejam visitadas até 6 de dezembro.

Por ora, como sabemos, serão priorizadas as instituições que aguardam processos de credenciamento ou autorizações vinculadas, aquelas que já receberam autorizações de cursos e esperam a comissão de credenciamento e as que têm processo de autorização em andamento e aguardam a visita de credenciamento. Um alívio para essas IES e um passo importante para a retomada de processos regulatórios que estavam há meses travados.

A conversa, totalmente virtual, conforme orientam os protocolos em tempos pandêmicos, também contribuiu para esclarecer o setor sobre a recriação da Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação (CTAA), que havia sido extinta em 2019 e foi recriada em janeiro deste ano.

Mas, o ponto alto da conversa talvez tenha sido a abertura do diálogo para a discussão de um novo modelo de avaliação para a educação superior. Há muito sabemos das limitações da Lei do Sinaes, em especial no que se refere ao Enade. Além disso, temos um sistema avaliativo que não contempla as demandas do século 21, como a formação por competências, e tampouco o que deve se tornar uma realidade no mundo pós-Covid 19: a educação híbrida.

Em geral, boas conversas nos dão satisfação. Mas conversas que além de agradáveis trazem soluções, reforçam espaços de interlocução e apontam novos caminhos a serem trilhados nos dão convicção de estarmos na direção correta e motivação para seguirmos em frente. Que venham outros bate-papos!

Fonte: ABMES