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Para um novo mundo, uma nova educação

Por Celso Niskier,

Em um ano inspirado, publiquei na última semana meu terceiro livro em 2021: “Os Quadrantes Híbridos na Educação Superior Brasileira – Uma proposta ABMES”. Em mais uma publicação que aborda a interface entre a tecnologia e a educação – agora com mais foco na educação, é verdade –, discorro sobre como a pandemia de Covid-19 acelerou o uso das novas tecnologias de informação e comunicação no ambiente educacional e trouxe novas perspectivas para uma área que estava estagnada no século 19.

Passado o susto inicial de ter que repensar o processo educacional de um dia para o outro, as soluções adotadas em caráter emergencial para garantir a continuidade da formação acadêmica de milhões de estudantes em um contexto de distanciamento social não só mostraram-se eficazes como mais atraentes. Para além disso, a concepção de uma educação efetivamente híbrida ganhou corpo.

A oferta de atividades presenciais com a educação a distância, que até então vinha sendo chamada de educação híbrida por algumas instituições de ensino, passou a ser nada além disso: educação presencial e a distância misturadas. A pandemia ampliou os horizontes de tal forma que hoje conseguimos compreender que a educação híbrida se dá em outra esfera.

E foi refletindo sobre qual esfera seria essa que chegamos ao modelo dos quadrantes híbridos da educação superior. Embora seja obtido a partir das mesmas bases que estruturam as modalidades presencial e a distância, ele vai além ao fazer da prática pedagógica o eixo determinante de como recurso será utilizado dentro dos projetos pedagógicos dos cursos.

Entre as inúmeras possibilidades de explorar esse universo, desenvolvemos uma proposta fundamentada nos quadrantes originados a partir das dimensões tempo e espaço:

  1. atividades presenciais síncronas (PS);
  2. atividades virtuais síncronas (VS);
  3. atividades presenciais assíncronas (PA) e;
  4. atividades virtuais assíncronas (VA).

A educação híbrida só acontece quando dois ou mais quadrantes estão presentes e em sintonia no processo de formação acadêmica. No livro, que está disponível para download gratuito no site da ABMES, o modelo é apresentado de forma detalhada não só por meio de textos e ilustrações, mas também com aplicações práticas para cursos das áreas de Saúde, Engenharia, Licenciatura e Tecnologia, mostrando que trata-se de uma proposta consistente e abrangente.

Na publicação também é apresentado o contexto das transformações que viabilizaram a elaboração do modelo, como a demonstração de grande resiliência por parte das instituições de educação superior durante a pandemia e a maior aceitação dos estudantes em relação à educação a distância; o que já tem fundamento no marco regulatório e o que precisa ser feito em termos legais; a utilização, pelo Inep, de um modelo híbrido nas avaliações in-loco desde abril deste ano; e o que a ABMES tem feito para que a educação do século 19 migre para o século 21.

Por tudo isso é que convido a todos para que façam uma leitura atenta do livro, fruto de um trabalho de colaboração com toda a equipe da ABMES. Acredito muito no potencial transformador da proposta que está contida ali. O futuro da educação é híbrido, e os quadrantes traçados a partir do tempo e do espaço são, certamente, uma boa rota – quem sabe a melhor – rumo a esse futuro que nos aguarda logo ali na esquina

Fonte: ABMES