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Profa. Luciane Conrado fala sobre as expectativas e inspirações de sua viagem à Florença

Por Luciane Conrado

Michelangelo Buonarroti Simoni, escultor, pintor, arquiteto, artista renascentista, italiano, escreveu em suas cartas, aos 87 anos, seu lema de vida: Eu continuo aprendendo. Na verdade, meu lema é o mesmo que o dele.

Aprendi a amar a arte (não, eu não pinto nada, não faço esculturas, não desenho nem boneco de pau). Sou artista das artes da cena, formada em Ciências Sociais e Artes Cênicas, atriz com registro profissional desde muito jovem, acabei por apaixonar-me de forma definitiva pelo dramaturgismo, pela produção e pesquisas de arte, no Mestrado em Ciência da Arte, na área de Teoria da Arte, que fiz na UFF.

Em Ciências Sociais, já trabalhando como atriz e produtora, flertava com a Antropologia da Arte. Na pós-graduação, foi definitivo. Tive que fazer algumas escolhas, como sempre trabalhei com produção, durante 8 anos fui produtora e vice-presidente do Instituto de Apoio e Recuperação das Artes (Grupo Sara), percebi que podia desenvolver a Arte como método para a Educação Formal, Não Formal e Formação de Plateia. Comecei a me encantar com a Educação para as Artes, o Estudo da Estética, da Teoria da Arte e da História da Arte. Fui para o Doutorado convencida que era o caminho que queria trilhar associando Produção Cultural, Estética, Arte à Educação. Vi que isso fazia a diferença na vida das pessoas e na minha, eu havia me encontrado! E que podia unir essas minhas paixões, ajudar outras pessoas!

O artista ainda é visto pela sociedade como marginal, como alguém fora da realidade… pensamento que é profundamente descabido… Separam Arte e Ciência, em hierarquia de valores, em um processo histórico que tem a ver, também, com a chamada “Descorporalização”, termo que foi criado pelo alemão Rumpf.

E veja você, um dos maiores, quem sabe o maior artista de todos os tempos, foi um grande cientista. Arte e Ciência em Leonardo da Vinci não são binômios opostos (muito se discute sobre isso, Bachelard vê como opostos complementares). Leonardo fugiu da vaidade acadêmica, sua curiosidade era epistemológica, voltada para as descobertas que lhe levariam ao aperfeiçoamento da arte, da harmonia e do ritmo que promovem a essência da vida. Para ele não existia arte sem ciência e ciência sem arte. E qual foi a primeira profissão de Leonardo? Produtor de Eventos. Isso mesmo. Produtor da Corte ( Alô, alunos de Planejamento e Produção de Eventos!). Fazia e produzia os cenários para as apresentações, buscava inspirações, estudava a fundo tudo o que podia para dar luz as invenções que nem sequer imaginamos que partiram dele. A Mona lisa, originalmente La Gioconda, é só sua obra mais famosa, muito por causa do aperfeiçoamento da técnica do sfumato.

Nunca tive o desejo de estudar fora, olha que tive oportunidades, em fazer “sanduíche” no Doutorado (meu Doutorado na UFF é em Letras, onde estudei Linguística, Linguagem Artística), mas não quis.

A UniCarioca, casa que estou – e digo sem demagogia, com muita alegria e orgulho – há 3 anos, possibilitou unir, verdadeiramente, essas minhas paixões. Aqui trabalho com Arte, Produção, Audiovisual (como não pinto nada, óbvio que me encantei pela fotografia e vídeo…) e Educação, na Graduação e no Mestrado em Novas Tecnologias Digitais para Educação. Nas aulas de História da Arte ( que dei nos dois primeiros anos de trabalho no Jornalismo e na Publicidade) e depois em Arte, Cultura e Educação, na Pedagogia,  pude desenvolver o método de ensinar arte por meio da estética e das Artes Cênicas) percebi que para uma História da Arte ser efetiva, assim como todo conteúdo, é preciso que o aluno se emocione, se apaixone, busque mais, identifique a arte no seu dia a dia, como dizia Argan, a “História da Arte como História da Cidade”, a arte é pulsante e não se detém as características de época, ela é vívida. As aulas me impulsionaram a estudar ainda mais Teoria da Arte, unida agora ao Audiovisual (a Educomunicação pulsa na minha prática docente), então não pensei duas vezes: vou pra Florença (Firenze)! Há 1 ano comecei a estudar italiano (Ohhh língua difícil) …

Queria de alguma maneira retornar para os meus alunos, com quem aprendo todos os dias, essas descobertas. E foram e são eles que me impulsionaram e impulsionam a querer estar na terra de Leonardo e, especialmente nesse ano, em que no dia 02 de maio, se comemorou 500 anos de sua morte. Morte física, somente, por que sua arte é imortal. Em Florença desejo produzir vídeos aulas mais interessantes, em formato mini doc, e estudar Arte Renascentista, Arte Barroca, Fotografia e Marketing de Arte. Passarei por Paris, para fazer uma visitinha a Mona Lisa no Louvre e depois irei para Firenze. Serão poucos dias, pois na primeira semana de aula em agosto já estarei aqui. Mas as aulas intensivas, na Academia de Arte de Firenze, no Instituto Michelangelo e aulas particulares nos Ateliês de Florença. Irei também a Universidade de Firenze, pois minha pesquisa de pós-doutoramento, que já iniciei, envolvem Neuroestética, Arte Renascentista e a chamada Síndrome de Stendhal ou Síndrome de Firenze. A pesquisa lança uma luz também para a composição metodológica da arte e da estética no campo da neurociência, da afetação do indivíduo e consequentemente conteúdos a serem assimilados, abrindo uma perspectiva para que o aluno/ espectador/fruidor aprenda pela emoção diante de uma obra de arte.

Espero que minha estada em Firenze possa produzir conteúdos, dinâmicas, abra minha criatividade, para que eu possa democratizar as descobertas e a beleza da arte renascentista, patrimônio da humanidade. Em um tempo em que poucos são os que podem estudar fora estar diante do que muitas vezes só se estuda nos livros é um privilégio. Como professora sinto-me no dever e na responsabilidade de, generosamente, encontrar formas de, através do meu olhar, possibilitar e incentivar a curiosidade dos nossos alunos. O talento do publicitário é a sedução. Para mim seduzir deve ser uma prática, também, docente. No meu caso, seduzir pela arte e para a arte. Pois, como Platão, acredito que ela esteja na base da Educação.

Nessa trajetória agradeço, além dos alunos, a todos, especialmente ao Prof. Max, a Profa. Lana, aos Professores Jean e AJ, aos meus coordenadores do Mestrado Antônio Carlos Mol e Ana Legey e aos meus coordenadores também da Administração (Criatividade!).

Vocês todos estarão, de certa forma, lá comigo! E torçam para que eu não desenvolva a Síndrome de Firenze! Que eu explico melhor quando voltar.
Arrivederci!

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Luciane Conrado é professora da UniCarioca, dos cursos de Graduação de Administração, Jornalismo, Publicidade, Pedagogia, e do Mestrado em Novas Tecnologias Digitais para Educação. Formada em Ciências Sociais e Artes Cênicas, atriz com registro profissional desde muito jovem, apaixonada pelo dramaturgismo, pela produção e pesquisas de arte, Mestre em Ciência da Arte, na área de Teoria da Arte, pela UFF e Doutora em  Letras, Linguística, Linguagem Artística, também pela UFF.