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Um dragão na educação superior

Por Celso Niskier

Em outubro deste ano, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) embarca rumo a um novo destino com o objetivo de compartilhar experiências e conhecer boas práticas pedagógicas e gerenciais adotadas por instituições de educação superior mundo a fora. A 3ª Delegação ABMES Internacional aterrissará na China, onde terá a oportunidade de conhecer universidades em Pequim, Xangai, Hong Kong e Macau, e também aprender um pouco mais sobre as tradições e cultura locais.

A iniciativa integra o programa ABMES Internacional, desenvolvido desde 2017 e que contempla uma série de ações estratégicas com o propósito de orientar as instituições de educação superior (IES) do Brasil sobre a internacionalização do ensino, a cooperação entre universidades e associações brasileiras com entidades semelhantes ao redor do planeta e promover a Associação para outras nações e continentes.

O ponto de partida para a idealização do ABMES Internacional foi a convicção de que a internacionalização consiste em um elemento fundamental para o desenvolvimento da educação superior no Brasil. Este, aliás, é o objetivo de todas as ações realizadas pela Associação, que incluem a busca permanente por tecnologias sociais e educacionais capazes de aprimorar o processo educacional brasileiro.

E foi por isso que, em 2017 e em 2018, a ABMES levou para a Rússia e para Israel, respectivamente, não apenas representantes das IES, mas também do Congresso Nacional e do Ministério da Educação (MEC) visando cooperar para a disseminação de novas práticas, soluções e visões capazes de incidir na formulação de políticas públicas voltadas para a melhoria do ensino superior ofertado no Brasil.

Os quase dezessete mil quilômetros que serão percorridos até a China se justificam pela busca da compreensão sobre como as instituições particulares brasileiras podem contribuir para que o país avance nos seus índices de produtividade, competitividade e inovação a partir da oferta de conteúdos e estruturas educacionais que colaborem para a construção de novos paradigmas na esfera da educação superior.

A escolha da China se deu, em grande parte, por conta dos progressos ocorridos nas últimas décadas e que transformaram o país em uma potência em diversas áreas, inclusive nos campos da educação e da inovação. As similaridades entre ambas as nações, como o tamanho continental, o crescimento do setor particular de educação superior e o boom das startups chinesas, foram outros pontos considerados na escolha. Aliado a isso, recentemente foi criada em Pequim uma faculdade dedicada ao ensino do português associado a conhecimentos mais aprofundados sobre os países lusófonos visando o incremento do intercâmbio internacional.

Outro aspecto que a torna um destino atraente para o grupo composto por representantes de mais de 15 faculdades, centros universitários e universidades de todo o Brasil é a vocação do país para a internacionalização das suas instituições de ensino. Hoje, a China é o terceiro destino mais popular do mundo para estudantes estrangeiros, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Os números mais recentes apontam que cerca de 490 mil estudantes internacionais estavam matriculados em universidades chinesas em 2017 (10% a mais do que em 2016), com destaque para os sul-coreanos, tailandeses e paquistaneses. No Brasil, dos 16.528 estrangeiros que frequentavam as instituições de educação superior naquele ano, apenas 259 eram chineses.

Por isso, ao visitar algumas das principais universidades do gigante asiático, a delegação internacional pretende estreitar relacionamentos e construir pontes entre as instituições de ambos os países visando ampliar o intercâmbio de estudantes e docentes, além do desenvolvimento conjunto de projetos e pesquisas.

Para contribuir, durante a delegação serão assinados termos de cooperação entre a Associação e instituições chinesas, a exemplo do que foi feito na Rússia e em Israel. Tratam-se de documentos que facilitam o diálogo entre as instituições daquele país e as associadas da ABMES, que hoje representam mais de 2.500 unidades educacionais em todo o Brasil, respeitando as características e particularidades de cada universidade.

Serão quinze dias de trabalho intenso, mas também de congraçamento entre o grupo e de visitas a locais únicos como a Muralha da China e a Cidade Proibida, pois conhecer parte da história e da cultura locais não só amplia a bagagem individual de cada participante, mas contribui para que o setor particular de educação superior compreenda melhor as bases sobre as quais aquela sociedade foi construída e que ainda hoje refletem na sua forma de educar e de estabelecer parcerias.

Segundo a mitologia, o dragão chinês foi um dos quatro animais sagrados que participaram da criação do mundo e tem a sabedoria entre seus simbolismos. Não há dúvida de que a China contemporânea absorveu dessa sapiência para transformar-se na atual potência global que representa. Ao embarcar rumo a essa fonte de inspiração que mistura tradição e modernidade, são grandes as expectativas do setor com relação aos resultados da 3ª Delegação ABMES Internacional. É com esse espírito que o grupo embarcará em 10 de outubro de 2019 rumo ao outro lado do planeta. Não haveria como ser diferente.

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Celso Niskier é  Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e Reitor do Centro Universitário UniCarioca

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