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Vinte anos de graduação tecnológica no Brasil

Por Ricardo Luz

A cada ano, a graduação tecnológica ganha mais espaço no universo acadêmico. Diferentemente do que alguns ainda pensam não se trata de um bacharelado mais compacto. Com duração média de dois a três anos, a principal diferença está no direcionamento: enquanto a graduação tradicional foca em elementos teóricos e conceituais, a tecnológica privilegia o desenvolvimento de competências profissionais específicas para atender, de forma mais objetiva, às demandas do mercado e às múltiplas profissões que foram surgindo com o desenvolvimento econômico do Brasil.
Ao longo de 20 anos da graduação tecnológica no Brasil, o MEC trabalha para aprimorar os cursos superiores de tecnologia, atualizando o Catálogo Nacional e garantindo que a formação dos estudantes acompanhe as mudanças do setor produtivo e da sociedade. O catálogo já passou por três edições: a primeira, em 2006, criou 98 denominações de cursos; a segunda, em 2010, elevou o número para 113; e, em 2016, acrescentou 21, totalizando 134 denominações de cursos superiores de tecnologia.

Por sua vez, os cursos são distribuídos em 113 eixos tecnológicos, tais como ambiente e saúde; controle e processos industriais; desenvolvimento educacional e social; gestão e negócios; informação e comunicação; infraestrutura; militar; produção alimentícia; produção cultural e design; produção industrial; recursos naturais; segurança; e turismo, hospitalidade e lazer.
Na verdade, os cursos de graduação tecnológica tiveram uma grande contribuição para a expansão das matrículas no Ensino Superior brasileiro, representando, portanto, um relevante fator de desenvolvimento humano e econômico para o país.
Para termos uma ideia da representatividade dessa modalidade de cursos, basta analisar os números: em 2017, eles foram responsáveis por 19% do total de ingressantes nos cursos de graduação no Brasil. Também houve um aumento da presença das instituições de ensino. No Estado do Rio de Janeiro, em 2009, participaram do Enade estudantes de Recursos Humanos de 11 instituições de ensino, em 2012, foram 16 instituições e em 2015, 20 instituições.
Em função das vantagens da relação custo/benefício, esses cursos têm atraído para os bancos escolares também pessoas de mais idade que já estavam na ativa, mas que não tinham mais motivação para voltar a estudar. Eles proporcionam uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, com um menor investimento por parte dos estudantes. Os egressos desses cursos estão habilitados a se candidatar aos concursos públicos que exijam que os candidatos possuam formação em nível superior. Eles estão habilitados para prosseguirem seus estudos em cursos de pós-graduação lato sensu (especialização e MBA) e stricto sensu (mestrado e doutorado).

Em 2017, os cinco cursos que tiveram o maior número de matrículas foram: 1) Gestão de Recursos Humanos, com 155.829 matrículas; 2) Empreendedorismo, com 96.835 matrículas; 3) Gestão em Logística, com 71.387 matrículas; 4) Análise e Desenvolvimento de Sistemas (65.795); e 5) Administração Pública (44.000). Na Região Metropolitana do Rio, o curso de Recursos Humanos é o 9º curso presencial mais procurado, na rede privada, e o 1º lugar entre os cursos tecnológicos presenciais e é o quarto mais procurado no ensino a distância.
Na UniCarioca, damos todo apoio e informação necessários aos estudantes. Sabemos que, para quem está começando numa profissão, é importante saber que a especialização é fundamental. Deve haver um aprofundamento do conhecimento para competir com força no mercado de trabalho. Para isso, é recomendável que o egresso faça logo uma pós-graduação na mesma área de sua graduação.

Já para o ingressante, é recomendável que antes de escolher um curso, procure conhecer o que faz o profissional que atua na área, qual a remuneração desses profissionais, a dificuldade ou facilidade de acesso ao mercado de trabalho, os cargos dentro da carreira profissional, se o trabalho é realizado, predominantemente, de forma autônoma ou nas organizações.
A graduação tecnológica não é uma exclusividade do Brasil. Existem cursos e experiências similares no México, na Alemanha, na França e nos Estados Unidos. Neste último, o modelo são os Community Colleges, faculdades que oferecem cursos de curta duração e que recebem mais de 40% dos calouros do Ensino Superior naquele país. Nós ainda não avançamos o suficiente, em parte pela desinformação e também por preconceito. Mas foram 20 anos de inegáveis progressos na consolidação da modalidade, que tem tudo para se consolidar entre as principais opções de Ensino Superior.

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Ricardo Luz é Coordenador do curso de Gestão de RH e MBA em RH